IA e Personalização da Aprendizagem na Educação
Reflexões da mesa-redonda do 1º Congresso da Rede Sesc de Educação.
Resumo co-criado com Inteligência Artificial a partir de transcrições e resumos da mesa-redonda.
“A inteligência artificial não é uma mera tecnologia; é uma nova forma de funcionar o mundo.” - Dora Kaufman
Durante o 1º Congresso da Rede Sesc, conduzi uma mesa-redonda com Dora Kaufman (PUC-SP) e Lilian Bacich (Tríade Educacional) sobre IA na educação. O debate revelou um ponto central: personalização do ensino não é tendência, mas necessidade estrutural para escalar aprendizagem no século XXI.
IA como infraestrutura do cotidiano
Dora reforçou que vivemos a transição das máquinas programadas para as máquinas probabilísticas. Essa mudança exige monitoramento ético contínuo, afinal modelos probabilísticos “alucinam” e carregam vieses que não se resolvem apenas com mais dados.
Ela compara a IA a outras tecnologias de propósito geral (carvão, eletricidade, computação), mas com um twist importante: dados como combustível. Como diria Clive Humby, “Data is the new oil”.
Dora Kaufman (PUC-SP) discutindo o papel da IA como infraestrutura
Personalização na Educação
Para Lilian Bacich, personalizar não é individualizar cada atividade, e sim oferecer trilhas flexíveis que, ao longo de um período, respondam às necessidades de todos os estudantes. A IA entra em quatro frentes:
Frente | O que a IA faz | Onde o professor é insubstituível |
---|---|---|
Diagnóstico | Detecta lacunas a partir de padrões de resposta | Interpreta causas (socioemocionais, contexto) |
Recomendações | Gera trilhas adaptativas | Seleciona e contextualiza |
Feedback | Entrega retorno em tempo real | Media significado e metacognição |
Acessibilidade | Converte formatos (áudio-texto, simplificação) | Garante adequação cultural e pedagógica |
“Não adianta ter o dado se eu não usar esse dado para o aluno pensar sobre ele” — Lilian Bacich
A especialista reforça que docência é mediação crítica, não curadoria algorítmica.
Lilian Bacich (Tríade Educacional) explanando sobre personalização em escala
A arquitetura de três camadas do Sesc
Compartilhei a estratégia que estamos adotando na Rede Sesc de Educação para tornar a personalização viável num sistema nacional:
1. Sistema de Gestão Educacional
Consolida dados administrativos e pedagógicos em painéis preditivos.
2. Plataforma de Ensino Adaptativo
Sugere planos de aula, trilhas e intervenções com base em matrizes de competências.
3. Material Autoral Físico-Digital
Conecta-se à plataforma, garantindo coerência entre conteúdo e analytics.
Elemento central: avaliação formativa — ela gera os dados que alimentam os modelos e, ao mesmo tempo, devolve ao estudante um retrato legível de sua jornada, sem abdicar da sensibilidade humana que a avaliação exige.
Apresentação da arquitetura tecnológica da Rede Sesc de Educação
Entre a substituição e a amplificação
O dilema “Ou você programa ou será programado” ganhou nuances:
- Dora vê, sim, substituição de funções — sobretudo tarefas repetitivas;
- Lilian aposta na IA como assistência melhorada, reduzindo burocracias docentes;
- Eu defendo que o diferencial competitivo não é saber tudo de IA, mas saber fazer as perguntas certas e traduzir seus insights em ação pedagógica significativa.
Nesse ponto, é consenso que a IA deve amplificar a inteligência humana, não substituí-la.
Principais aprendizados
1. Modelo mental antes de modelo de linguagem
Entenda o porquê antes do prompt.
2. Dados são valiosos — e sensíveis
Refinar sem conscientizar é risco concreto.
3. Personalização exige propósito coletivo
Nada de ilhas de excelência; precisamos de redes que compartilham boas práticas (Ubuntu em ação).
4. Formação docente contínua é inegociável
Tecnologias mudam, princípios pedagógicos permanecem.
5. O futuro não é distante; é distribuído
Cada escola da Rede Sesc que experimenta e documenta suas evidências fortalece a inteligência coletiva.
“O futuro é agora — e ele é construído juntos por nós.”
Que essa conversa sirva de convite para continuarmos hackeando o presente em prol de uma educação mais equitativa, crítica e, por que não, radicalmente humana.